Quem é Anne Elliot e por que você não deveria ser como ela?
Persuasão: ação de persuadir, de convencer alguém sobre alguma coisa ou fazer com que a pessoa mude de comportamento e/ou opinião - Fonte: Dicio.com.br
Essa é a palavra-título do último romance de uma maiores personalidades da literatura mundial, uma mulher cujo nome todos conhecem: Jane Austen.
Mas afinal, quem é Anne Elliot?
A protagonista da vez é apresentada como “a filha do meio” de um barão em decadência no início no século XIX. Logo de início, fica clara a negligência sofrida pela personagem; as irmãs, Elizabeth e Mary, e o pai, Sir Elliot, estão muito preocupados consigo mesmos e com seus títulos. E sua mãe é apenas uma sombra do passado, falecida durante a adolescência das filhas. Mas havia uma pessoa que se importava com ela, uma amiga próxima da finada Lady Elliot: Lady Russell. Ou como também pode ser chamada… Persuasão.
Assim, descobre-se que Anne enxerga em Lady Russell o mais próximo que poderia encontrar de uma figura materna, e de uma família de verdade. A única pessoa que a apoia, valoriza e se preocupa com ela. Então, qual seria o problema disto?
Durante sua juventude, Anne Elliot se apaixona por Frederick Wentworth, um oficial da marinha cujo status está longe de se equiparar ao da filha de um barão. Mas é também um homem ambicioso, com planos para adquirir prestígio na profissão, e um desejo profundo de casar-se com Anne. E ela, com ele. Mesmo sem posses ou títulos, a Srta. Elliot acreditava no amado.
Todavia, se para a família o casamento desfavorável não era digno de protesto, para Lady Russell não importava quanto amor sua filha de consideração sentisse por Wentworth ou quão sinceras fossem as intenções e o caráter do mesmo: tal união era inaceitável.
Assim, Anne cede e termina o relacionamento. Mas, como acontece naturalmente nos romances, pode-se imaginar que o destino deu conta de reunir novamente o casal — em condições mais favoráveis — e construir um “Felizes para sempre”.
Então por que não ser como Anne Elliot?
Os contos de fada ensinam desde cedo que a principal tarefa de um telespectador de qualquer história é manter-se atento, buscando sempre aprender com o que é retratado. A famosa… Moral da história.
No caso da trama de Anne Elliot, a personagem paga com a própria felicidade, durante oito anos, o preço de ser persuasível. Ademais, Anne, a aparente vítima do orgulho de outras pessoas, torna-se mártir do próprio ego.
Sua incapacidade de contrariar Lady Elliot demonstra uma profunda necessidade de aprovação que está acima de qualquer determinação própria, característica básica de um ego nocivo. E (ALERTA DE SPOILER), este mesmo ego é orgulhoso suficiente para, mesmo depois de percebido o erro, a protagonista ser incapaz de pedir perdão e começar de novo.
Anos se passam e Anne nunca manda uma carta, um bilhete, um recado ou qualquer coisa que esclareça seu arrependimento acerca dos erros do passado. Nem mesmo quando o encontra pessoalmente. Ela simplesmente se conforma com a infelicidade gerada por suas decisões.
Na vida, todos cometem erros, seja por um motivo ou outro. E para alguém na idade e situação de Anne Elliot, era até mesmo esperado que se deixasse levar pela primeira pessoa que lhe fornecesse afeto. Porém, o lado bom da imperfeição é a capacidade de aprender e consertar o mal causado — aos outros, e a si mesmo.
Afinal, no romance, o destino e o próprio amado tratam de remendar o rasgo deixado por Anne Elliot; mas no mundo real, esperar que o acaso resolva tudo definitivamente não é uma boa opção.